Caixa reduz juros apesar da elevação da Selic
A taxa SELIC – Sistema Especial de Liquidação e Custódia serve como instrumento balizador das taxas de juros do mercado financeiro.
O que determina a taxa é a necessidade ou não do governo em vender títulos públicos para abastecer o tesouro. No momento, o governo passa por dificuldades.
A ajuda oferecida aos estados, aos municípios, às empresas e ao Bolsa Família, no combate à pandemia, desfalcou o tesouro nacional.
A saída é emitir títulos e vendê-los no mercado. Entretanto, para atrair investidores, o governo tem de pagar bons juros. O caminho é elevar a taxa SELIC.
A expectativa é de que, na próxima reunião do Copom – Comitê de Política Monetária do Banco Central, dias 21 e 22 de setembro, a SELIC chegue a 6,25% ao ano.
Ao final de 2021, a previsão é de que chegará a 7,5%. Infelizmente, a alta da SELIC provoca elevação em todas as taxas de juros praticadas no país.
Não é diferente no mercado imobiliário. Os bancos privados já anunciaram novas taxas ao financiamento atrelado à TR, que saiu do zero e hoje está em 0,14%.
Leia também: Financiamento imobiliário: 2021 ainda é um bom ano pra isso?
Santander, Bradesco e Itaú já praticam juros de até 8,99%, 8,90% e 8,30%, mais TR, respectivamente.
A correção da poupança corresponde a 70% da SELIC. A Caixa anunciou redução na taxa de juros ao financiamento imobiliário, com correção pela poupança, a partir de 18 de outubro, de 3,35% para 2,95% ao ano.
O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, declarou que, ineditamente, a Caixa apresentou lucro de R$ 6,3 bilhões no 2º trimestre de 2021.
Em 2020, no mesmo período, o lucro foi de R$ 2,5 bilhões. Segundo ele, como a Caixa é um banco social, esse lucro tem de ser “devolvido” à sociedade de alguma forma. Cobrar juros baixos é uma delas.
Além da linha de financiamento habitacional baseada na poupança, mais juros fixos de 2,95%, ora anunciada, a Caixa mantém três outras:
1. Taxas fixas, prefixadas, sem correção, com juros a partir de 8% ao ano. É a de menor risco, porque as prestações permanecem fixas até o final do contrato;
2. Taxas fixas de 6,5% a/a, mais correção pela TR, agora em 0,14% ao ano.
3. Taxas de juros, a partir de 2,95% ao ano, atreladas ao IPCA.
Neste caso, apesar dos juros mais baixos, o risco é grande. O IPCA é medido pela inflação, cujo controle é sempre uma incógnita.
É preciso ter em mente, portanto, que a baixa na taxa de juros adotada não atinge todas as linhas de crédito imobiliário da Caixa, mas apenas àquela com correção pela poupança, mais juros fixos de 2,95% ao ano. As demais, continuam como antes.
A TR, como já vimos em outros artigos, é calculada pela média ponderada dos juros pagos, por aplicações do tipo CDB, nas 30 maiores instituições financeiras do país.
Como a SELIC voltou a crescer, a TR ressurgiu (0,14%). O FGTS é corrigido pela TR, que rende pouco. Por isso, quem tem FGTS e pode, deve aplicar em imóvel.
A Caixa detém, ainda, a maior participação nas carteiras habitacionais do país (67%).
Só na atual gestão, o banco atingiu a marca de R$ 300 bilhões em financiamentos. Sua carteira total é de R$ 534,6 bilhões, com cerca de 5,8 milhões de contratos.
Somente em agosto de 2021, foram contratados R$14,01 bilhões (SBPE, R$ 9,04 e FGTS, R$ 4,97 bilhões). Depois de muita insistência do Cofeci, por meio do diretor Sérgio Sobral, a Caixa reabriu o cadastramento de Corretores e Imobiliárias para venda direta dos imóveis adjudicados. Vale a pena aproveitar!
João Teodoro da Silva, presidente – Sistema Cofeci-Creci – 19/SET/2021
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